terça-feira, 20 de abril de 2010

Rendido

Não consigo contar quantas vezes já pensei em parar de tentar, seria mais fácil deixar que tudo continuasse igual. Passam-se os dias, as horas, os sorrisos, a raiva, os gritos, os amplificadores e rolês por onde já fui. Dos quilômetros que percorri para tocar, de todas as cidades e pessoas que já se amontoaram em lugares ermos ou mesmo em um quarto apertado de uma casa familiar na periferia. Com isso só me asseguro de que continuo no caminho certo. Entendo que agora, mais do que ontem, preciso ser forte, pois muitos desses já estão do lado daqueles que tiraram de seus pais e avôs tudo o que podiam. Simplificaram tudo, fazendo com que seu tempo fosse regrado por um padrão, sua vida por um código, seus sonhos por zero.

Mesmo assim, a cada dia que passa, vejo pessoas que se mostram em alguns momentos engajadas em movimentos sociais, apoiando às práticas de opressão trabalhista. E me lembro de algo que Rodrigo Ponce disse em algum show do Colligere "estamos aqui sendo rebeldes como num papel, mas amanhã todos voltamos a ser quem querem que sejamos".

quinta-feira, 19 de março de 2009

Resgato para mim todos os suspiros jogados ao vento. Deles faço uma canoa onde me isolo do mundo e onde a teus pés desabo. Parafraseio e enceno, sucumbindo, o desespero, a insônia e o distanciamento de batidas de coração. Como em um sonho de uma noite de verão, passo a delirar e não compreender nada, além dos fatos de entendimento seletivo.

Respondo às minhas sinapses, que fiquem quietas, pois quero dormir. Inquietas, correm pela casa, lêem, gritam e escrevem. Com poucas paredes, constroem teu nome a meu redor. Sufocam a dor e aumentam o ardor das chamas. Necessito não necessitar de ti. Preciso não precisar sentir teu cheiro. Desejo não te desejar. Não quero mais sentir vontade de ti, pelo menos por algum tempo, pois já me foi dito que não podemos. Sem porquês, sem explicações, sem palavras. Muda.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Muitas vezes procuramos palavras para expressar sentimentos que não existem como ser expressados, aos menos não de forma sintética e gramática. Sinto isso quando me vejo refletido em seus olhos e meu tempo pára. Cheio de pensamentos alegres e absurdamente repletos de sorrisos, abraços e lágrimas. Me sinto o mais protegido dos seres existentes. Se por um segundo conseguisse expressar algo de forma literal, esse segundo expiraria por sua beleza espantar a sequêncialidade de estáticas nuvens em tempos remotos que assolam as árvores de meu respirar.
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Eles resumem tudo isso em notas musicais.

.:Explosions in the sky - Your hand in mine:.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Sabemos que cada momento de sorrisos com nossos amigos nos torna um pouco mais leves e tudo o que é triste some. Com conversas engraçadas e momentos que ficam guardados dentro de caixas empoeiradas em nossas cabeças, seguimos durante dias, anos e décadas.

Quando se tem um amigo de verdade, não importa se por meses não se vêem, pois tudo continua como antes. O bem estar, os abraços e as lágrimas enxugadas apenas servem para fortalecer ainda mais algo que não se pede ou se compra. Amigos são aqueles que fazem você contar por ai o que aconteceu em determinado momento, quando pediu ajuda ele tenta, mas sempre te fez rir durante horas sozinho em lugares inapropriados e sem ninguém mais entender.

Por muitas vezes deixamos isso tudo de lado para estudar e trabalhar, cuidar de casa ou mesmo dormir. Não somos de ferro, ainda bem.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Sim, você me conhece. Não tão bem quanto acha, nem tão pouco quanto eu queria. As vezes me faz mal isso, toda essa falsa intimidade, todos esses jogos sociais. Sei que tenta se manter longe o suficiente para eu não te tocar, mas daí vê o que faço e filma cada passo. De encontro com seus dedos e teclas, os meus vão quando ordenados, pois devem a ti, algo. Algo esse que se bem analisado se deve ao fato do meu suor escorrer em suas máquinas e respirar sobre seu ouro. Já falei sobre seu pecado moral antes, sobre suas mentiras e sobre os tapas nas costas. Nunca adianta de nada. Essas palavras nunca são lidas por quem deveria ler. Elas são rasas o bastante para não te fazerem entender. Mas em mim, aliviam um peso sem tamanho. O peso de saber que não posso deixar morrer. Não é sua verdade, nem o que estima. Por isso somos tão iguais. Nos tornamos diferentes em silêncio.

Me finjo de mais um que paga pelo silêncio. Me faço de normal e de nós me alimento. Eles travam minha garganta ao menos uma vez por dia, para que gritos não te rasguem a pele. Esse é o meu maior desejo, pelas mentiras, pelos e-mails, pelas piadas. Apenas mais um tapinha nas costas.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Movimentar

Encontro mais uma vez
muros rabiscados com nomes iguais ao meu.
Sinto o desconforto de viver trancado
em sonhos que não são meus.

Se a porta ficasse aberta
os medos podiam sair.
Os painéis apagados
ainda iluminam tudo que está perto.

E o problemas é perder a vida
dentro de uma caixa sem respirar.
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Eu sinto o peso de seus gritos sobre mim
e do fim voltam as sombras de suas mãos.
Em cada momento me sinto mais fundo
mas não quero voltar.

A única coisa que me faz feliz aqui é a segurança
saber que não há mais como descer.
Mas ao ver a luz quero escalar e sentir o frio
sem paredes ou mentiras.

Sem vendas sei que sempre vou cansar
mas não posso deixar morrer.
Ainda tenho força de gritar.
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A intolerância de suas mão ásperas ainda me afeta
se sou julgado é por não ser igual.
Anos se passam e me culpo por erros que não são meus.
Seus dias continuam congelados e isso basta.
Não quer mudar, nem olhar para trás.

Rígido se reforça com suas idéias perfeitas
seu status, seu valor.
Profissional até onde deve ser flexível
e tudo desaba, e tenta ser o pilar.
Ser indispensável e importante
se faz ser o próprio valor, pois não aceita estar fora.

Antes quando tudo era mais simples.
Antes quando tudo tinha um sabor.
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Entendo agora jogos complexos
e o amargar ao sentir dor.
Já sei tudo sobre o que é sofrer
em novas cinzas refazer.

De palavras bonitas crescendo
ouvindo o que é o correto fazer.
Seguindo de olhos fechados
sem direção e sem pensar.
Lucrando, tirando vantagem
mas esquecendo de sentir.

O vento no meu rosto faz o medo surgir.
Existe como fazer diferente.
Cada um faz a diferença.

Posso escolher o que sou.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Não importa quantos medos coloca sobre mim.
Se consigo respirar, consigo lutar.
Me prende em um quarto de sussurros, mas cubro os ouvidos.
Tenta de toda maneira podar e travar, falha.

Só sinto o temor.
Treme por dentro, apesar de tentar se manter calmo.
O fogo sobe e esquenta por dentro das veias.
Nada pode parar.

O coração ainda bate com gritos.
Como um relógio descompassado, porém vivo.
Salvo minhas palavras e compasso.
Me enxergo em teus olhos, seu medo de sentir.

Só quero viver.