E me olho no espelho mais uma vez. Mãos molhadas de lágrimas que enxuguei prometendo não mais derramar uma gota sequer.
Outro dia em que me sinto só, talvez último dos meus. Não podem entender, pois solidão igual não há. Um vazio frio e que impossibilita andar sem sonhar num dia mais alegre, cheio de cores e calor. Aguardando uma esperança, mais uma ilusão que construo.
Sem amor, sem propósito e respirar. Pétalas são jogadas e mais ótimos filhos tirados, mas nada a se fazer. Aceitar tudo e abaixar a cabeça não me faz ou já fez bem. Se sou melhor do que ontem não sei, mas sou mais forte com pernas mais frágeis. Compreendo mais o valor de cada palavra dita, mas não o sentido que cada toque tem. Não conheço mais mãos ou beijos, apenas os fatos. Não me permito mais cegar minhas ações e de casos pensados me encho.
Lutas maiores que eu, me sufocam e ensurdecem. De joelhos me curvo, mas não deixo de mirar meus olhos. Se não para os seus, para sua sombra. Sei onde pisa, sei como se move. Cada vez mais próximo e eu cada vez com pernas mais frágeis. Já consegue me fazer discutir menos, apesar de eu pensar mais e mais. Afoito as palavras atropelam minha língua e não fazem sentido. Seus livros me ensinaram tudo o que você não queria. Me curvo denovo, mas dessa vez pedindo um pouco mais de esperança para que minha respiração volte.
Num primeiro acorde tudo some, até minha consciência. Bato como nunca antes e através de versos falo o que quero. Mas é pouco, pois quando acaba, oprimido e jogado, me sinto só. Ninguém entende. A boemia que em mim habita, sóbrea, se suicida a cada dia por um mundo melhor. Até o momento em que irei junto.
Não busco esse momento, não é chegada a hora. O preparo de tudo isso é independente de mim, pois sou apenas uma molécula no grande pão de centeio. E talvez o Deus que criamos não saiba tanto quanto nós, ou simplesmente desistiu de entender cada desejo e ansiedade. Necessito acordar novamente, pois se durmo, talvez meus olhos se colem para sempre.
" All it takes for evil to triumph is for men of good will to do nothing."
Edmund Burke
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
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